Fala, seus Líderes na Libertadores! Acharam que eu não iria escrever sobre o triunfo monumental diante do Atlético Nacional? Acharam certo. Queria mesmo era falar com a Nação Tricolor sobre um fenômeno estranho que ronda Salvador. Permitam-me o neologismo: são os ContraTricolores.

Obviamente, não estou falando sobre a minúscula parcela dos simpatizantes do outro time da Nação Baiana, e sim de parte da torcida azul, vermelha e branca que não consegue ficar feliz com seu próprio time, pois acha melhor “sentir que tem razão” do que ser feliz.

Esse é um fenômeno relativamente recente, talvez nascido junto com as redes sociais. É uma deformação daquele torcedor corneteiro, que ficava em pé, com rádio nos ouvidos, nas arquibancadas da velha Fonte Nova, criticando tudo, do início até o apito final. A diferença dessa nova cepa é que os antigos, ao menos, comemoravam os triunfos. E essa nova geração, nem isso…

Eles ficam felizes em falar mal do time, do técnico, do grupo e, quando o time vence, precisam diminuir o nível da corneta. É como se a derrota (as duas únicas do ano) lavasse o ego deles. O momento mais feliz do ano para os ContraTricolores foi a goleada para o Cruzeiro. Ali, amplificaram a corneta com força, felizes como pinto no lixo — e foi mais chato encarar eles do que os simpatizantes do El Modesto time de Canabrava.

Mas quem são esses ContraTricolores? Onde vivem? De que se alimentam?
Na verdade, essa galera parece se alimentar de redes sociais e youtubers. É um povo que ainda não entendeu o processo de reconstrução do clube. Então, vou tentar dar MINHA OPINIÃO sobre tudo isso.

A Gênese da Cepa

Quando o Bahia anunciou a venda da sua SAF para o Maior Grupo de Futebol do Mundo, a expectativa foi gigantesca. O Bahia City, a segunda maior potência do grupo, mexeu com a esperança do torcedor, que, desde 2023, já estava preocupado com a possibilidade de enfrentar o Manchester City na final do Mundial de Clubes do ano seguinte. Mas as coisas não são bem assim.

Quando se faz o planejamento de um clube, o orçamento é limitado e ajustado de acordo com as pretensões de cada time. O Bahia de 2023 foi feito para se manter na elite. O de 2024 foi montado para jogar a Sul-Americana, mas, com a perspectiva de Libertadores, ganhou um reforço de peso. O de 2025 recebeu reforços para disputar a Libertadores — e por aí vai.

Mas como explicar isso para uma galera que passou 35 anos lutando para subir ou para não ser rebaixado? Com a expectativa alta, veio o tombo da realidade. E aí, o tricolor Caetano Veloso explica:

“Um amor violento, quando torna-se mágoa, é o avesso de um sentimento, oceano sem água.“

A galera ainda não superou e, para toda conquista, há uma desculpa para não ficar feliz:

“Não caiu porque o Santos perdeu para o Fortaleza”;
“Foi para a Libertadores porque abriram oito vagas”;
“O técnico é ruim”;
“Só tem jogador refugo”;
“Foi campeão baiano, mas quase perde (o ex-rival ficou a três gols de distância do título)”;
“Trouxe gente de time rebaixado ou da Série B”;
“Ganhou, mas foi no sufoco”;
“Deu dois, poderia ter feito três”;
“É líder na Libertadores porque jogou dois jogos em casa”;
“Nos tempos de Bobô não tinha essa frescura de poupar jogador”…

TORCEDOR, VÁ COMEMORAR!

Você merece demais, bicho. Fique feliz com seu time, porque ele tem um dos maiores avanços da história do futebol brasileiro.

Há menos de três anos, a gente estava cantando “VAMOS SUBIR, ESQUADRÃO”. Hoje, na Fonte, o canto é “VAMOS TORCER PRO BAHIA SER CAMPEÃO! LIBERTADORES, OBSESSÃO!”

Seja feliz. Comemore a liderança temporária na Libertadores como o ponto mais alto do time desde o Bi-Campeonato. Permita-se ser feliz, mesmo sabendo que não está tudo certo — pois nunca estará tudo certo.

Os títulos nacionais e internacionais chegarão naturalmente, mas eles são o final de um processo que está apenas no começo. Você é líder na Libertadores da América. E é só o ano 2 de 90. Curta a caminhada.